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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Pequenas Histórias


Pequenas Histórias (149) - Ano - 1944


A Estupenda Virada sobre o Rolo Compressor

Fonte: Correio do Povo

23 de Julho de 1975, esta data, muitos que foram adolescentes nesta época, talvez, não lembrem, mas de um Grenal noturno, 3 a 1, três gols de Zequinha, aí sim, momento inesquecível. Uma conquista em cima do grande Inter de Minelli, depois de 17 clássicos na fila.

Recordei dele, porque li sobre outro que deve ter marcado toda uma geração de gremistas. Ocorreu em 13 de Agosto de 1944; o Tricolor ganhou por 4 a 3 na Baixada, depois de levar 3 a 0 no primeiro tempo. 

Para se ter uma ideia do feito, o Rolo Compressor (Internacional) entre o final de 1938 e final de 1955, disputou 85 clássicos e apenas perdeu 13 para o Imortal.

O Tricolor quebrou uma sequência de triunfos vermelhos, mesmo perdendo, mais uma vez, o regional.

Naquele Domingo, Telêmaco mandou a campo: Júlio Petersen; Ruy e Clarel; Vinícius, Touguinha e Sanguinetti; Bentevi, Bombachudo, Ramon Castro, Ivo e Mário.

O Rolo Compressor: Ivo; Alfeu e Nena; Assis, Abigail e Ávila; Tesourinha, Rui, Adãozinho, Cacho Perez e Eliseu.

O veterano Henrique Maia Faillace foi o juiz com ótima arbitragem, mesmo com seus 130 quilos e a Baixada super lotou com o Tricolor ampliando em 600 lugares a parte interna (???) do gramado para o derby. Assim, descrevia o Correio do Povo em edição anterior.

O franco favorito abriu o marcador; o jovem estreante no quadro principal, Adãozinho, o "Negrinho do Pastoreio" fez um corta-luz na bola passada por Perez, que enganou Clarel, Eliseu aproveitou e mandou "violento pelotaço" para as redes. 1 a 0 aos 7 minutos.

Aos 18, Rui acerta cabeçada em corner (o nosso atual escanteio), vencendo a zaga. 2 a 0. Cheiro de goleada.

O Grêmio, perdidinho da silva, não ameaçava e assim, era presa fácil. O malabarista Adãozinho acertou meia-bicicleta e aumentou para 3 a 0 aos 25 minutos. Temia-se por algo pior do que os 7 a 3 de três meses atrás na pugna anterior, Maio daquele ano.

Parte da torcida abandonou o Fortim da Baixada. Azar dela, pois o Imortal voltou completamente diferente.

Aos 7 minutos, Vinícius centrou alto e Ramon Castro (foto acima) marcou de cabeça, vencendo o excelente arqueiro Ivo. 1 a 3.

Bentevi recebeu ótimo lançamento de Bombachudo e fuzilou o arco colorado. 2 x 3. Decorriam 14 minutos.

Neste momento, a torcida acordou e viu que era possível sair da Baixada sem ser derrotada. Aumenta o incentivo. O time carregou a torcida.

Aos 28 minutos veio empate, novamente Ramon Castro, desta vez, ele superou o cracaço Nena e determinou o empate com outro testaço.

Coube a Mário decretar a sensacional virada, após receber passe de Ivo, que conseguiu conduzir a pelota até próximo da área colorada. O extrema-esquerda acertou potente chute que entrou no ângulo superior direito de Ivo. 4 a 3. Inacreditável.

Nesse instante, tremenda gritaria se ouviu no estádio gremista, diante do improvável triunfo e pela maneira como ele ocorreria, se assim, se materializasse.

Jogo encerrado. A torcida invadiu o gramado, saudando a virada como se fosse uma conquista de campeonato.

Pelo jeito, essa história de "Inacreditável" vem de muito longe.

Fonte: Correio do Povo
             Livro A História dos Grenais - L& PM - Mário Marcos de Souza et alii






38 comentários:

  1. Velha Baixada do Moinho de Ventos. Que havia passado por uma reforma e cujo jogo festivo, após a reforma, foi justamente aquele GRENAL ao qual te referiste no texto. O de Maio de 1944. 7x3 para o Rolo. O clássico da estreia de Eduardo José Volpi. Um atacante uruguaio que chegou no GRENAL e marcou três gols.

    Aquele, foi o GRENAL da apresentação da “Bandeira Nova do Grêmio”, ponto culminante da grande festa.
    A antiga bandeira foi descida do mastro de honra pelas mãos do primeiro centro-médio gremista: Augusto Koch. Ao seu lado, velhos companheiros de Grêmio.
    Dentre eles Gustav Mohrdieck, Osvaldo Rola, Theobaldo Foernges, Luiz Carvalho, Telêmaco Frazão de Lima, verdadeiras glórias do Tricolor.

    Aquele, o GRENAL Nr 82, quando a estatística ainda marcava 32 vitórias do INTER, 13 empates e 36 vitórias do GRÊMIO.

    Aquele, o GRENAL do novo vestiário gremista (que era na verdade uma casa) e do novo pavilhão social do Estádio da Baixada. Obra de vulto. A maior em melhorias, até aquele momento.

    Este GRENAL, o de Nr 83, de teu bem relatado resumo, mostra o quanto grande já era esse enfrentamento. O "derby" da Capital do Estado.

    Este GRENAL teve sabor especial, porque desde 19.10.1941 - Grêmio 2x1 Inter, o Grêmio não ganhava dos rubros, na casa própria. Tinha 4 derrotas e era hora de voltar a vencer. E desde 1941, como bem lembraste, 12 clássicos isolavam aquela vitória Tricolor.

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    1. Alvirubro
      Se não teve o reconhecimento nacional com a devida importância, o Rolo mostra números impressionantes, os Grenais não eram apenas vencidos, havia muitas goleadas históricas neste período.
      Felizmente para nós,gremistas, foi uma fase.

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    2. De fato, considerando o período em que citaste, 1938 a 1955, temos o seguinte desempenho do Colorado:

      Jogos em casa e fora de casa
      346 jogos
      254 vitórias do Internacional
      55 empates
      37 derrotas
      1.166 gols marcados pelo Internacional
      418 gols marcados pelos adversários


      Jogos em casa (Eucaliptos)
      110 jogos
      80 vitórias do Internacional
      18 empates
      12 derrotas
      386 gols marcados pelo Internacional
      137 gols marcados pelos adversários

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    3. Apenas para "clarear" para os mais jovens, o Inter teve o ROLO COMPRESSOR I e o ROLO COMPRESSOR II, que abrangem esse período citado por ti, Bruxo. O ROLO I foi mais contundente que o Rolo II, embora ambas as equipes tenham alcançado conquistas memoráveis.

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    4. Exato! O Rolo I está situado na década de 40 para fins de registro.

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    5. O ROLO do Tesourinha (279 jogos e 179 gols) e o ROLO do Carlitos (386 jogos e 327 gols). Considerados apenas jogos de 80/90 minutos.

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    6. Aqueles números do Rolo I, que postei acima, são em jogos oficiais.
      Aqui, a estatística geral, jogos oficiais e amistosos:

      418 jogos
      285 vitórias do Internacional
      71 empates
      62 derrotas
      1.393 gols marcados pelo Internacional
      642 gols marcados pelos adversários

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    7. O Rolo II, jogos oficiais e amistosos:
      218 jogos
      145 vitórias do Internacional
      39 empates
      34 derrotas
      655 gols marcados pelo Internacional
      292 gols marcados pelos adversários

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  2. Sobre tua citação:
    "...a Baixada super lotou com o Tricolor ampliando em 600 lugares a parte interna (???) do gramado para o derby."...

    Te explico: como não havia espaço nos pavilhões, era comum na época a colocação de cadeiras, no intervalo entre os pavilhões e o campo de jogo, onde torcedores ficavam literalmente "dentro do gramado". Isso acontecia nos melhores "estádios" de Porto Alegre, quando o jogo exigia um maior número de locais para o torcedor acompanhar as partidas.

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    1. Alvirubro
      Apenas não detalhei, porque a crônica ficara grande para um blog, mas o Correio do Povo detalhe nas edições anteriores a "operação" do acréscimo das cadeiras, inclusive, indicando pela numeração delas, onde seria o acesso de 1º a 200, 201 a etc...

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    2. corrigindo: a crônica ficaria ...

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    3. Não tenho certeza, mas acho que com essas reformas a Baixada chegou a 10 mil lugares, mais ou menos.

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  3. Era tão grande a vantagem gremista dentro do Fortim, que até 1954, o 1º quadro do Grêmio teve o seguinte desempenho na"velha Baixada":

    435 jogos
    314 vitórias do Grêmio
    52 empates
    69 derrotas
    1.652 gols marcados pelo Grêmio
    601 gols marcados pelos adversários

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    1. Por isso o apelido de "Fortim".

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    2. O Grêmio fez jogos pós 54 na Baixada.

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    3. Micheiev, se foi uma pergunta, que eu saiba, o time principal (1º Quadro) não fez nenhum jogo, pós novembro de 1953, na Baixada. O Expressinho jogou em fevereiro de 1954. 13x0 no Grêmio Osoriense, mas esses jogos não entram nas estatísticas do Clube. O Técnico do Expressinho era o Prof Antonio Carlos Mendes Ribeiro.

      O clube até tentou jogar no Fortim, porém foi impedido. A Federação Gaúcha interditou o estádio. O Grêmio utilizava o velho estádio apenas para treinamentos, em 1954.

      Em Julho daquele ano, já treinava na "Nova Baixada", que era o Olímpico, fazendo inclusive o primeiro treino no estádio, contra os juvenis do próprio clube.

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  4. Lembrando que esses dados numéricos não são oficiais. São fruto de pesquisas pessoais, podendo ter erro em relação ao que considera o Grêmio.

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    1. Mas,como sempre, muito confiáveis. Produto de árduas pesquisas e horas de trabalho tuas.

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  5. E a prova que os centroavantes platinos resolviam: Ramón Umberto Castro, um uruguaio, que havia chegado ao Grêmio naquele ano e no segundo clássico já deixava sua marca.

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    1. E Cacho Perez era o que mais tarde seria campeão do mundo pelo Uruguai?

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    2. Aquele era Julio Pérez. Este era argentino. Oscar Alberto Pérez.

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  6. Na escalação do Grêmio aparece um Ivo. Este era Ivo Aguiar. Havia ainda, nesse ano o Ivo II, que se chamava Ivo Vargas de Andrade, o Ivo Andrade, mais tarde. o sobrenome não deixa dúvidas.

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  7. Esse Ivo Andrade, algum parentesco com Ênio Andrade?

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    1. Irmão. Mais velho que o Enio.
      Carreira: Grêmio (RS) (1944), São José (RS) (1947 a 1950), Renner (RS) (1953 a 1956).

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    2. Falando em parentes, quantos parentes no meio do futebol teve Alcindo bugre?

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    3. Micheiec
      Alpheu e Kim, irmãos que jogavam no Inter e Alcione e Cláudio Freitas, sobrinhos.
      Mas eu estou usando a memória.

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  8. O Rolo era tão forte que colocou 3 grandes jogadores na Seleção Brasileira na Copa de 50?
    Tesourinha, que, infelizmente se lesionou, mas era titular certíssimo do ataque.
    Nena; muitos alegam que se ele estivesse no lugar de Juvenal, não haveria Maracanazzo e Adãozinho, que era banco do maior jogador da época, Zizinho.

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    1. Pois veja só: Juvenal que havia jogado pela primeira vez na Seleção Brasileria, em 07.05.1950 tirou Nena do time. Escolha do técnico Flávio Costa, talvez.
      Nena já era "tarimbado". Olavo Rodrigues Barbosa, o Nena, fez sua estreia no selecionado em 29.03.1947. Adãozinho (Adão Nunes Dornelles), pela primeira vez vestiu a camiseta do Brasil em 04.04.1948.
      Tesourinha (Osmar Fortes Barcellos) já era velho protagonista da Seleção. Em 14.05.1944 jogou pela primeira vez.

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  9. Ataque do Sonhos: Tesourinha, Zizinho, Heleno, Jair e Ademir. Tesourinha lesionado e Heleno de Freitas com problemas psíquicos; virou Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico, este, ex-Grêmio.

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    1. Apelido: CHICO
      Nome: Francisco Aramburu
      Posição: PE
      Data de Nascimento: 07/01/1922, em Uruguaiana, RS.
      Carreira: Ferro Carríl (RS) (1939 a 1940), Grêmio (RS) (1941 a 1942), Vasco da Gama (RJ) (1942 a 1954), Flamengo (RJ) (1955 a 1956).

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    2. Chico fez sua estreia na Seleção em 16.12.1945 - BRASIL 3x4 ARGENTINA.

      Brasil: Barbosa (Oberdan); Domingos da Guia e Norival; Zezé Procópio, Ruy e Jayme; Tesourinha, Zizinho (Lelé), Leônidas da Silva, Ademir Menezes e Chico (Jair Rosa Pinto). Técnico: Flávio Costa

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  10. O Grêmio teve alguns "CHICOS" na sua história:

    - Chico Halfen, goleiro que substituiu Eurico Lara;
    - Chico Aramburu, o ponta esquerda do Vasco e da Seleção;
    - Chico Preto, atacante dos anos 50;
    - Chico Spina, atacante que depois passou para o Inter; e
    - Chico Hamester, o goleiro dos anos 80.

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  11. Esse Chico, goleiro dos anos 80 era chamado de Eduardo, muitas vezes.

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  12. Eduardo e Cláudio, depois Chico e Taffarel, como ficaram conhecidos, foram arqueiros da seleção brasileira de base. Revezavam-se no arco. Destinos diferentes.
    Cláudio virou Taffarel, porque na Seleção Gaúcha de base havia 4; ele, Cláudio Batata (Grêmio), Cláudio Freitas (ex- Grêmio) e o Claudinho (Inter-SM). É de memória, salvo equívocos.

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    1. Eduardo Henrique Hamester (CHICO)
      Cláudio José Cumiotto (CLÁUDIO BATATA)
      Cláudio Luiz Martha de Freitas (CLÁUDIO FREITAS)
      Cláudio Mendes Prates (CLAUDINHO)
      Cláudio André Mergen Taffarel (TAFFAREL)

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